TEATRO
LENDA DE S. MARTINHO
por João Evaristo
A história que vos vou contar
Há já muito que aconteceu
E quem não acreditar
Por parecer magia de encantar
Basta olhar para o céu
Era Novembro como agora
E foi neste mesmo dia
Quando ao nascer da aurora
Cavalgava sem demora
Mais rápido que a brisa fria
Um cavaleiro floresta fora
(Martinho entra pela esquerda baixa
A galope)
Tuc tuc tuc tuc tuc tuc
A galope a galope a galope
-Quem vem lá?
-É o Cavaleiro Martinho
-Se ele lá vem a galopar
É porque acabou a guerra
e não vai voltar a lutar
(Martinho congela)
Martinho foi à guerra
Porque a isso foi obrigado
Mas era corajoso e voltou à terra
Para tratar da casa das colheitas e do gado
(Martinho galopa)
Vinha rápido Martinho
Mas não só pela alegria
É que estava cá um frio!
Brrrrrrrrrr
E fazia cá um vento!
Vuuuuuuuuuuuuuuu
E caía cá uma chuva!
Txxxxxxxxxx
Que parar ele não podia.
Tuc tuc tuc tuc tuc tuc
A galope a galope a galope
(Martinho congela)
De repente parou
Mas o que o fez parar
Se o frio
Brrrrrrrrrr
Não parava
Se o vento
Vuuuuuuuuuuuuuuu
Não parava
Se a chuva
Txxxxxxxxxxx
Não parava
É que ao frio ao vento e à chuva
Um mendigo suplicava
(O Mendigo entra pela direita baixa
A tremer de frio)
Quase nu com pouca roupa
O pobre Mendigo tremia
E se a roupa era tão pouca…
A comida !?
Há três dias que não comia
(Martinho desce do cavalo)
Preocupado com o mendigo
Parou Martinho de repente
Era pouco o que tinha consigo
Mas dividiu irmãmente
-Toma lá meu bom amigo
Duas laranjas meia pêra e um figo
Que ainda fico com suficiente.
-Obrigado meu senhor
Como agradecer não sei
-Só fiz o que é correcto
Não foi muito o que te dei
e para que não passes mais frio
a minha capa em duas cortarei
Assim foi como vos conto
Disto nada eu inventei
Martinho tirou a espada
E zás trás pás a cortou
Com meia capa cortada
Todo o mendigo tapou
Pôs-se a galope Martinho
Pôs-se Martinho a galope
Tuc tuc tuc tuc tuc tuc
A galope a galope a galope
Mas o cavalo de Martinho
nem três passos ele deu
(Esta última frase é repetida pelos restantes
durante a fala do Narrador)
O frio parou de rachar
O vento deixou de soprar
A chuva começou a parar
E o milagre aconteceu
No céu, o sol brilhou
E de luz e calor toda a terra inundou
E foi sempre assim desde aí
Todos os anos assim é
Vai-se o frio
Brrrrrrrrrr
Vai-se o vento
Vuuuuuuuuuuuuuuu
Vai-se a chuva
Txxxxxxxxxx
E fica o sol
ééééééééééé
Todos os anos assim é
(Esta última frase é repetida pelos restantes,
durante a fala do Narrador, até à saída)
Para que todos se lembrem
Do valor que tem o bem
De dar a quem não tem
Um pouco do pouco que se tem
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