segunda-feira, novembro 05, 2007

TEATRO
LENDA DE S. MARTINHO
por João Evaristo

A história que vos vou contar
Há já muito que aconteceu
E quem não acreditar
Por parecer magia de encantar
Basta olhar para o céu

Era Novembro como agora
E foi neste mesmo dia
Quando ao nascer da aurora
Cavalgava sem demora
Mais rápido que a brisa fria
Um cavaleiro floresta fora

(Martinho entra pela esquerda baixa
A galope)

Tuc tuc tuc tuc tuc tuc
A galope a galope a galope

-Quem vem lá?

-É o Cavaleiro Martinho

-Se ele lá vem a galopar
É porque acabou a guerra
e não vai voltar a lutar

(Martinho congela)

Martinho foi à guerra
Porque a isso foi obrigado
Mas era corajoso e voltou à terra
Para tratar da casa das colheitas e do gado

(Martinho galopa)

Vinha rápido Martinho
Mas não só pela alegria
É que estava cá um frio!
Brrrrrrrrrr
E fazia cá um vento!
Vuuuuuuuuuuuuuuu
E caía cá uma chuva!
Txxxxxxxxxx
Que parar ele não podia.

Tuc tuc tuc tuc tuc tuc
A galope a galope a galope

(Martinho congela)

De repente parou
Mas o que o fez parar
Se o frio
Brrrrrrrrrr
Não parava
Se o vento
Vuuuuuuuuuuuuuuu
Não parava
Se a chuva

Txxxxxxxxxxx
Não parava
É que ao frio ao vento e à chuva
Um mendigo suplicava

(O Mendigo entra pela direita baixa
A tremer de frio)


Quase nu com pouca roupa
O pobre Mendigo tremia
E se a roupa era tão pouca…
A comida !?
Há três dias que não comia

(Martinho desce do cavalo)

Preocupado com o mendigo
Parou Martinho de repente
Era pouco o que tinha consigo
Mas dividiu irmãmente

-Toma lá meu bom amigo
Duas laranjas meia pêra e um figo
Que ainda fico com suficiente
.

-Obrigado meu senhor
Como agradecer não sei

-Só fiz o que é correcto
Não foi muito o que te dei
e para que não passes mais frio
a minha capa em duas cortarei

Assim foi como vos conto
Disto nada eu inventei
Martinho tirou a espada
E zás trás pás a cortou
Com meia capa cortada
Todo o mendigo tapou

Pôs-se a galope Martinho
Pôs-se Martinho a galope
Tuc tuc tuc tuc tuc tuc
A galope a galope a galope

Mas o cavalo de Martinho
nem três passos ele deu

(Esta última frase é repetida pelos restantes

durante a fala do Narrador)

O frio parou de rachar
O vento deixou de soprar
A chuva começou a parar
E o milagre aconteceu

No céu, o sol brilhou
E de luz e calor toda a terra inundou

E foi sempre assim desde aí
Todos os anos assim é
Vai-se o frio
Brrrrrrrrrr
Vai-se o vento
Vuuuuuuuuuuuuuuu
Vai-se a chuva
Txxxxxxxxxx
E fica o sol
ééééééééééé
Todos os anos assim é

(Esta última frase é repetida pelos restantes,

durante a fala do Narrador, até à saída)

Para que todos se lembrem
Do valor que tem o bem
De dar a quem não tem
Um pouco do pouco que se tem

Nenhum comentário: